terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Da suposta morte do Underground

“Como os nossos pessimistas têm voz ativa em nossa moralidade!
Ao espetáculo da alegria sambista, incorporada no inconsciente do típico brazilóide, desenvolvida dentro da estética carioca e baiana, lhe restou se reinventar, dentro do contexto pessimista, transformando a sua decadência, em alegria – até mesmo na alegria brazilóide, das 'massas rebolosas' de espírito tropical, a sua alegria, é um sinal de decadência pessimista”.


Aos que julgam a Cena Underground como um defunto eterno, só tenho a lhes dizer, “ó senhores do pessimismo Underground”: FALÁCIA! Não existe a morte do Underground, enquanto existirem bandas e casas de show. À aqueles que saem gritando, como neuróticos desprovidos de qualquer bom senso freudiano, em decorrência de sua eterna frustração e incompetência em gerir seus trabalhos dentro da Cena, a morte desta; mas isso se reflete justamente, em primeiro lugar, na incapacidade destes “senhores da razão”, em conseguir extrair vida de um ambiente fértil!
Muitos músicos morreram, quando a sua incapacidade de gestão lhes dominaram!


A simples formatação de bandas em conseqüência de um novo estilo, que vai dar, vida a diversas outras bandas que seguirão freneticamente, as tendências deste estilo de música, caracteriza uma Cena. A necessidade de um seguimento, dentro do estilo que movimentará, desde público até a venda de materiais sobre a banda, é o que configura a Cena. O Underground, nesse caso, pode ser enxergado de forma separada e não ligado diretamente, a uma determinada Cena – o Underground, é um estágio inicial, de onde surgiram – e ainda há de surgir – muitas bandas de qualidade.

O Underground é decadente, porque está na mão de pessoas que nada entendem de profissionalismo e ética, quando muito, alguns conseguem trabalhar em um ambiente Independente (outro estágio de uma determinada Cena); conseguem um pouco mais de técnica mas esquecem de adquirir ética – o que supostamente, pela lógica, a harmonia entre as duas, deveria ser alcançada no Mainstream. A ética aqui, foi sublimada pela vaidade do ego. Muitos já se acham no direito de apontar seus dedos na cara do Underground, porque fizeram algum curso na IAV, e já podem, de vez em quando, fazer algum freela para essas “produtoras” de ex-bandas mortas de fome do Mainstream. Mas o que poucos sabem, é a origem dessa decadência e, em muitos casos, a contemplação dessa decadência como sendo algo virtuoso.


Tudo começa com a idéia – e talvez até os ditos “países desenvolvidos”, façam parte dessa mentalidade – de que, tudo que é exclusivamente nacional, é motivo de orgulho; no nosso pseudo-país, isso se reflete na miséria e no samba. No que diz respeito ao Underground de bandas de rock e suas vertentes, isso vem caracterizado pela praga Punk, instituída no mundo, a partir da década de 70. Quando esse lixo europeu, desce até terras Paulistas – onde essa praga teve maior adesão em conseqüência do processo de industrialização, migração e imigração – todo o conceito de Underground, logo deve ser ligado, a uma espécie de “instinto auto-destrutivo” e de aversão a tudo que é nobre e erudito. O que muitos sabem por inconsciência, mas não sabem explicar, é o facto de o Punk, enquanto movimento ideológico, apoiar a vida subterrânea, podre, suja e decadente; quando esse lixo, se transforma em música, em Cena e se estabelece enquanto Underground – pois, a intenção nunca é o Mainstream -, cria todo um inconsciente coletivo, que nos é posto até os dias de hoje.

Nada é mais repugnante que as nossas “casas de shows independentes!”
E nada é mais nojento, do que a aceitação de muitos, em concordar com a barbárie que se estabelece em relação ás bandas, dentro dessas casas de shows. A morte sucessiva do espírito criativo e da castração da vontade de aperfeiçoamento, se dá em decorrência dessa aceitação dos moldes que se consolidaram pelo inconsciente Punk.


O Underground não está morto, mas sim, travado, como qualquer outra tentativa em nossa sociedade, de transição à algo novo; aqui e em qualquer outro lugar, o espírito criativo adormeceu e deu lugar ao “efeito ruminante”, que existe na arte de se fazer algo novo dentro da música. É só observar, que de quatro anos pra cá, construiu-se uma pseudo-cena de bandas cover. Isso é justamente o reflexo desse efeito, que esfazia e tira a referência dessa nova geração de garotos, forçando-os a voltar seus olhos para trás.


Quando eu digo “matem o underground”, me refiro a esse formato medíocre de espírito Punk sujo. Devemos nós, encarar – falo “nós” de um modo geral: músicos e produtores de shows – o Underground, como sendo algo profissional e concreto, eliminando assim, os fracos dos fortes – deve se ser aristocrático e suficientemente determinista, para dar vida a obra bruta, desenvolvida no Underground!

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2 comentários:

  1. Seria lindo ver bandas (mesmo as covers) recusando shows em lugares toscos, se recusando a terem que vender ingresso pra fazer show, recusando irem tocar fora de suas cidades sem receber pelo menos a grana da viagem...imaginem que maravilha se não aparecesse nenhuma banda disposta a pagar para abrir show de gringo, se todos mandassem técnico de palco tomar no cú enquanto o cara fica te apressando pra passar o som meia boca (isso quando rola de passar)...penso que boa parte disso é culpa das prórpias bandas. Sustentam esse circulo vicioso só pra depois falar "cara, abrimos o show da banda x, ducaralho!", enquanto na verdade isso não vai ter grande impacto para a banda, foi só um meio de viabilizar o show dos gringos e trazer lucros para os produtores. E pra nego que toca em qualquer buraco porco porque acha que undeground é isso, vão todos para a pqp suas putas fedidas.

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