Ao espetáculo da alegria sambista, incorporada no inconsciente do típico brazilóide, desenvolvida dentro da estética carioca e baiana, lhe restou se reinventar, dentro do contexto pessimista, transformando a sua decadência, em alegria – até mesmo na alegria brazilóide, das 'massas rebolosas' de espírito tropical, a sua alegria, é um sinal de decadência pessimista”.
Aos que julgam a Cena Underground como um defunto eterno, só tenho a lhes dizer, “ó senhores do pessimismo Underground”: FALÁCIA! Não existe a morte do Underground, enquanto existirem bandas e casas de show. À aqueles que saem gritando, como neuróticos desprovidos de qualquer bom senso freudiano, em decorrência de sua eterna frustração e incompetência em gerir seus trabalhos dentro da Cena, a morte desta; mas isso se reflete justamente, em primeiro lugar, na incapacidade destes “senhores da razão”, em conseguir extrair vida de um ambiente fértil!
Muitos músicos morreram, quando a sua incapacidade de gestão lhes dominaram!
A simples formatação de bandas em conseqüência de um novo estilo, que vai dar, vida a diversas outras bandas que seguirão freneticamente, as tendências deste estilo de música, caracteriza uma Cena. A necessidade de um seguimento, dentro do estilo que movimentará, desde público até a venda de materiais sobre a banda, é o que configura a Cena. O Underground, nesse caso, pode ser enxergado de forma separada e não ligado diretamente, a uma determinada Cena – o Underground, é um estágio inicial, de onde surgiram – e ainda há de surgir – muitas bandas de qualidade.
O Underground é decadente, porque está na mão de pessoas que nada entendem de profissionalismo e ética, quando muito, alguns conseguem trabalhar em um ambiente Independente (outro estágio de uma determinada Cena); conseguem um pouco mais de técnica mas esquecem de adquirir ética – o que supostamente, pela lógica, a harmonia entre as duas, deveria ser alcançada no Mainstream. A ética aqui, foi sublimada pela vaidade do ego. Muitos já se acham no direito de apontar seus dedos na cara do Underground, porque fizeram algum curso na IAV, e já podem, de vez em quando, fazer algum freela para essas “produtoras” de ex-bandas mortas de fome do Mainstream. Mas o que poucos sabem, é a origem dessa decadência e, em muitos casos, a contemplação dessa decadência como sendo algo virtuoso.
Tudo começa com a idéia – e talvez até os ditos “países desenvolvidos”, façam parte dessa mentalidade – de que, tudo que é exclusivamente nacional, é motivo de orgulho; no nosso pseudo-país, isso se reflete na miséria e no samba. No que diz respeito ao Underground de bandas de rock e suas vertentes, isso vem caracterizado pela praga Punk, instituída no mundo, a partir da década de 70. Quando esse lixo europeu, desce até terras Paulistas – onde essa praga teve maior adesão em conseqüência do processo de industrialização, migração e imigração – todo o conceito de Underground, logo deve ser ligado, a uma espécie de “instinto auto-destrutivo” e de aversão a tudo que é nobre e erudito. O que muitos sabem por inconsciência, mas não sabem explicar, é o facto de o Punk, enquanto movimento ideológico, apoiar a vida subterrânea, podre, suja e decadente; quando esse lixo, se transforma em música, em Cena e se estabelece enquanto Underground – pois, a intenção nunca é o Mainstream -, cria todo um inconsciente coletivo, que nos é posto até os dias de hoje.
Nada é mais repugnante que as nossas “casas de shows independentes!”
E nada é mais nojento, do que a aceitação de muitos, em concordar com a barbárie que se estabelece em relação ás bandas, dentro dessas casas de shows. A morte sucessiva do espírito criativo e da castração da vontade de aperfeiçoamento, se dá em decorrência dessa aceitação dos moldes que se consolidaram pelo inconsciente Punk.
O Underground não está morto, mas sim, travado, como qualquer outra tentativa em nossa sociedade, de transição à algo novo; aqui e em qualquer outro lugar, o espírito criativo adormeceu e deu lugar ao “efeito ruminante”, que existe na arte de se fazer algo novo dentro da música. É só observar, que de quatro anos pra cá, construiu-se uma pseudo-cena de bandas cover. Isso é justamente o reflexo desse efeito, que esfazia e tira a referência dessa nova geração de garotos, forçando-os a voltar seus olhos para trás.
Quando eu digo “matem o underground”, me refiro a esse formato medíocre de espírito Punk sujo. Devemos nós, encarar – falo “nós” de um modo geral: músicos e produtores de shows – o Underground, como sendo algo profissional e concreto, eliminando assim, os fracos dos fortes – deve se ser aristocrático e suficientemente determinista, para dar vida a obra bruta, desenvolvida no Underground!
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