sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Automatismo musical

O que vejo hoje, depois de tantos anos após a disseminação da internet no dito Brasil, dentro da música, é uma total aproximação das relações do Mainstream com o Underground; poderia aplaudir tal consequencia e dizer "oh, que maravilha, e fez-se a luz para esta merda de Cena" - não é bem assim. Talvez o pirateamento de programas, a criação do enem e do prouni, tenham facilitado o acesso de várias pessoas ao mercado de trabalho - me reservo aqui, fazer menção apenas ao setor de Comunicação Social.
Hoje produtoras e selos, são formadas aos montes; muitas delas, conseguem galgar degraus bem altos, ao ponto de trazer bandas como Fear Factory, Link Park, Slipknot, Slayer e tantas outras bandas, que, outrora, não pensariam, quiça, pisar em solo nacional.



Mas como toda produção em massa, passa a se tornar fútil e sem ética alguma (pois, tem de cumprir apenas, o papel de “parideira de lucros” - idem a Hollywood, e sua fábrica autômata de filmes medíocres), no mundo da música, não seria diferente: “oh que se façam as palmas para as inúmeras bandas famosas que poderemos ver, nos próximo anos”. Mas o que exatamente, isso traz de bom para o Underground? Até que ponto, vale a pena se prostituir – aliás, ser uma prostituta que paga pelo prazer de uma trepada -, para abrir um show de uma banda famosa? Não vejo vantagem alguma. Citarei um exemplo que envolve um fator psicológico: as bandas do underground não estão prontas para tocar em um show “profissional”; e todos os olhos, estão voltados para a banda principal – principalmente por parte das produtoras.



O sistema autômato de produzir um número anual de eventos, que traga dinheiro o suficiente, para manter esses zumbis donos de produtoras “na jogada”, fomenta uma postura sem ética e qualidade, no que confere ás bandas de abertura – sou do meio e posso FALAR COM PROPRIEDADE!
Vejo uma total falta de profissionalismo com as bandas de abertura, que muitas vezes, pagam valores absurdos, para serem tradados como banda convidada – isso tem também influência sócio-cultural, a velha mania do brasilóide, de deixar as coisas como estão (aquele espírito baiano de paz e sossego). Mas como poderíamos exigir de um manco, uma boa desenvoltura em uma corrida? Ou seja: como pedir a uma banda que tocou grande parte de sua vida, em lugares podres e nojentos como Tribe House, Led Slay e Cerveja Azul, para tocarem com postura de uma banda grande, num evento profissional?

Aos que pagam até 3, 4, 5 mil reais, para abrir um show de uma banda como Ill Nino – la fora passam fome, praticamente -, só tenho algo a dizer: vocês são apenas manobra de massas; só servem para encher lingüiça, o suficiente, para os produtores de eventos – os nossos decadentes produtores de eventos -, saírem nem que seja no “zero a zero”. Como são famintos esses zumbis!

Parece-me um indício de amor massoquísta, essa relação das “grandes” produtoras, em relação as bandas de abertura; no final, os diretores de palco e produção, adoram ver as “sub-bandas” tomarem no cu! Acho que isso serve para eles apontarem os seus gordos dedos na cara desses “moleques despreparados”, e se sentirem profissionais o suficiente, para trabalhar em um show como o do Fear Factory – afinal, ter razão também é uma vaidade.